A Paz e a Reconciliação Nacional - Lukamba Gato
Luanda - A Paz e a Reconciliação Nacional não se limitam ao simples largar de pombas brancas, bonitos slogans ou a construção de monumentos evocativos. Elas têm de ter conteúdo e um preço material, político e social que deve ser pago sob pena de voltarmos à repetir a nossa turbulenta história.
Fonte: Club-k.net
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No caso de Angola é preciso pagar o preço da gigantesca operação desmobilização e reinserção social condigna de dezenas de milhar de ex-combatentes das partes beligerantes sem exclusões de qualquer espécie. É uma forma justa de reconhecimento e agradecimento pelo papel e sacrifício que homens e mulheres em armas consentiram no campo de batalha. Seria também uma forma de homenagear os que pagaram com a própria vida o preço desta paz.
Em seguida seria necessário consagrar tempo e vontade política para uma forma de Diálogo Nacional, estruturado a todos os níveis da sociedade, para REPENSARMOS Angola nos seus fundamentos e múltiplas dimensões, tendo como objectivo decantar os mais amplos consensos sobre questões estratégicas, estruturantes e por isso de interesse Nacional, nomeadamente a Constituição, os grandes objectivos do desenvolvimento económico e social do país, o lugar da cultura angolana incluindo a valorização das línguas nacionais e o papel do nosso país na região, no continente e no mundo. Passados 16 anos desde que se calaram as armas, fica-se com a nítida impressão de que a classe dirigente do país não soube valorizar ou mesmo optimizar o mais longo período "de ausência de guerra" que Angola registou nos seus quase 43 anos de história como país independente. Foi um verdadeiro desperdício se tivermos em conta o desastroso balanço sobre o estado da Nação no período em análise. Neste momento histórico em que se pode vislumbrar a possibilidade de uma transição, é preciso ter em conta que Angola partiu mal desde 1975. Se o lema é corrigir o que está mal, então não sejamos redutores na ideia da correcção para não confundirmos a árvore com a floresta, o aliado com o inimigo, o essencial com o importante.
Por essa ingente tarefa de edificação de uma paz com conteúdo para todos e cada angolano, podemos presumir que a factura a pagar pelo contribuinte angolano será mais uma vez pesada mas nunca mais cara do que a factura que pagamos por décadas de guerra fratricida.
Em nome de todos os que de uma forma ou de outra, contribuíram para que os angolanos se reencontrassem num destino comum, eu queria hoje, dia da Paz e da reconciliação nacional, lançar um veemente apelo ao Senhor Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço: Assuma-se de facto como o homem da transição, seja o Presidente da República de Angola e exerça o poder que a Constituição lhe confere e não confunda essa missão com a de presidente de um partido. Seja dialogante, escute o clamor do país profundo para conhecer o que de facto está mal. Nunca é tarde para Recomeçar, Refundar mesmo este país que amamos todos focando na JUSTIÇA SOCIAL como o cimento da PAZ num ambiente democrático.
Viva Angola
Viva o povo angolano
Lukamba Gato
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